terça-feira, 17 de abril de 2012

Primeira presidência de Frei Maurício na Matriz Nossa Senhora Aparecida e Homilia de Frei Nilton


"Toda a vocação nasce na família, cresce na comunidade, se fortalece na oração e dá fruto na missão."
Com essa profunda e bonita frase começamos a semana vocacional. Na primeira presidência de Frei Maurício na Matriz Aparecida, encerramos essa semana de profundas reflexões, tempo forte de oração e confraternização com o querido povo de Dracena.












Colocamos na íntegra a profunda e bela homilia proferida por Frei Nilton César. Já com saudades do povo de Dracena e com o coração repleto de gratidão pelo carinho e acolhida. Que Deus os abençõe!


Inicialmente quero agradecer pelo convite que me foi dirigido para refletirmos sobre o significado do ministério presbiteral, que frei Maurício assumiu em comunhão com todos os pastores da Igreja, através da sua Ordenação Presbiteral na noite de ontem.

Certamente este convite decorre da nossa amizade, de longa data, e sobretudo do privilegio que tive de participar como formador e definidor da formação inicial da província do processo formativo e da caminhada vocacional de frei Mauricio, da confiança mútua e de tantas expectativas que temos partilhado. O texto do Evangelho que acabamos de ouvir evoca e nos apresenta a duvida de Tome sobre a ressurreição de Jesus, e na sequencia sua profissão de fe: meu Senhor e meu Deus. Assim se apresenta a tensão positiva, a dialética entre a duvida, a insegurança, o medo e o profundo desejo que temos, de dar uma resposta positiva diante do chamado de Deus, resposta vocacional que deve ser entendida como nossa opção fundamental, e que deve ser conferida na liberdade. Certamente, foi nessa dinâmica própria do processo de discernimento vocacional que frei Mauricio deu o seu sim a Deus, aceitando e entendendo que nisso consiste sua realização humana e vocacional. Sendo assim, irmãos e irmãs, quero apresentar alguns pontos importantes de dois documentos papais, do Magisterio da Igreja sobre o significado do ministério presbiteral.

De acordo com a orientação do Decreto Presbiterorum Ordinis sobre o ministério e a vida dos presbíteros do Papa PauloVI, que assim se expressa: participando, a seu modo do múnus dos apóstolos, os presbíteros da Igreja recebem de Deus a graça de serem ministros de Jesus Cristo no meio dos povos, desempenhando o sagrado ministério do Evangelho, para que seja aceita a oblação dos mesmos povos, santificada no Espírito Santo, bem como em conformidade com o conceito que dispomos de liberdade e maturidade humana, pois o dom de Deus não anula a liberdade humana, antes a suscita, desenvolve e exige, da exortação apostólica pós-sinodal PASTORES DABO VOBIS, do papa João Paulo II, e numa compreensão do chamado vocacional a partir de uma resposta fundamental diante dos apelos que Deus nos dirige por meio de seu Filho Jesus Cristo, acreditamos firmemente, apoiados pela fé e pela certeza dessas afirmações, que Deus comunicou-lhe pela graça recebida no sacramento pascal do batismo, fonte de todos os ministérios e vocações a possibilidade e o dom de participar plenamente do único e verdadeiro sacerdócio confiado à Igreja pelo próprio Senhor, o grande pastor das ovelhas

(Hb.13,20). Graça comunicada, chamado que emana D' aquele que foi enviado por Deus à história humana como pontífice, autor e consumador da salvação do gênero humano, mas que de modo algum dirime a importância e a participação conscientes daqueles que são orientados pelo Espírito do Senhor e pelo seu santo modo de operar para aproximarem-se do Mistério da Salvação, tornando-se pelo sim incondicional à dignidade sacerdotal, instrumento e porque não dizer, sacramento da presença de Deus para a vida eclesial e serviço ao povo que se encontra reunido como Corpo Místico de Cristo pelos sacramentos do batismo e da ceia pascal.

Deste modo devemos reconhecer a importância do testemunho diaconal de Jesus Cristo, que veio não para ser servido, mas para servir, e oferecer a sua vida como resgate de muitos, e a sabedoria das virgens prudentes, imagem do povo fiel que, certamente, iluminaram sua inteligência e coração no exercício de uma resposta positiva, diante do ministério que a ti foi confiado pelo próprio Senhor, através da mediação do sacramento da ordem, arraigado profundamente no sacerdócio ministerial de Jesus Cristo.

O ministério presbiteral que além de outras fontes de inspiração tem sua possível origem e constituição no testemunho e serviço pastoral dos presbíteros e dirigentes da igreja primitiva, encarregados da organização e da assistência às comunidades pascais primitivas e da realizacão das obras de salvação, de modo algum pode ser compreendido, numa perspectiva de testemunho e serviço, como poder temporal que confere status institucional, reconhecimento pastoral e autoridade eclesial ilegítimos, que tem como contestação o reconhecimento e a afirmação de que o servo nunca é maior que o senhor, ao contrário, deve procurar uma aproximação e profunda identificação entre o exercício da vocação e do ministério prebiteral e a prática vocacional e ministerial de Jesus de Nazaré, o missionário do Pai.

Jesus, o profeta de Deus para o anúncio do seu Reino se fez, no exercício do mistério da sua encarnação, manifestação amorosa e salvífica do próprio Deus no serviço aos pequenos deste mundo. " Eu te louvo e te bendigo Senhor do céu e da terra porque escondestes esse mistério e essa sabedoria do reino aos grandes, presunçosos e arrogantes desta história, mas a revelaste aos pequenos e aos pobres, porque assim ó Pai foi do teu agrado, da tua vontade. Jesus, na fidelidade ao chamado recebido, à missão que lhe fora confiada, serviu-os com alegria e dedicação, pois considerava sua ação profética e pascal um cumprimento da vontade do Pai.

Que assim seja contigo, frei Maurício, que teu ministério seja serviço alegre e desinteressado, nunca te esqueças que o teu diaconato, que um dia recebestes para o serviço da casa do Senhor permanece inviolável e deve caracterizar fundamentalmente o seu ministério presbiteral no interior da vida das comunidades e do povo que lhe for confiado. Permita que o Espírito do Senhor que acompanhou Jesus desde a sua concepção e nascimento, passando pelo seu ministério como profeta do reino até a consumação da sua obra de salvação no mistério de sua morte e ressurreição, signifique com sua sabedoria tua práxis presbiteral para o bem de toda a Igreja, reunida no mesmo Espírito.

Caríssimo irmão frei Maurício isso é o que todos nós te desejamos, seus confrades, nossa província capuchinha, ministros ordenados assim como você, pois reconhecemos tua seriedade, compromisso e disponibilidade para o serviço que tem caracterizado tua presença fraterna e amiga entre nós e em nossas comunidades desde o início do seu processo formativo para a vida religiosa consagrada. Inúmeros e valiosos serviços você tem prestado a nossa fraternidade provincial, bem como a tantas comunidades eclesiais pelas quais passou. Sendo um dom de Deus para a nossa fraternidade de irmãos menores, também o será seguramente para a vida eclesial e pastoral das comunidades, como um pastor que age segundo o coração de Deus, zeloso pelo bem e pela salvação da vida humana, como assevera a exortação apostólica pós-sinodal do papa João Paulo II, do ano de 2007: PASTORES DABO VOBIS: Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, numa referência ao texto do profeta Jr. 3,15. A presente exortação assim se manifesta sobre a importância dos pastores para a vida eclesial das nossas comunidades: A Igreja, povo de Deus, experimenta continuamente a realização do anúncio profético: eu estabelecerei para elas, as minhas ovelhas, pastores que as apascentarão, de sorte que não mais deverão temer ou amedrontar-se..., e na alegria continua a dar graças ao Senhor. Ela sabe que o próprio Jesus Cristo é o cumprimento vivo, supremo e definitivo da promessa de Deus. Eu sou o bom Pastor (Jo.10,11). Ele, o grande pastor das ovelhas (hb.13,20) confiou aos apóstolos e aos seus sucessores o ministério de apascentar o rebanho de Deus.

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