quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Os pequenos gestos fazem a diferença.



" O amor se esconde nas pequenas coisas

Só pode entender quem se faz mais simples

Um pequeno gesto faz a diferença.

Quero dizer que o mundo começa aqui dentro de nós."

(Padre Fabio de Melo)


Essa pequena sentença na sua simplicidade apresenta a máxima verdade. Já nos ensinaram os santos que a estrada para estar em sintonia com Jesus Cristo e a humildade é a simplicidade. Nos ensina a Santa Teresinha do Menino Jesus da Sagrada Face, a santa das pequenas coisas. Nós também podemos nos lembrar de outra Teresa, a Beata de Calcutá, que diz que o importante não é o que fazemos, mas o amor que colocamos naquilo que fazemos. Se nos colocarmos diante de Deus, por mais que achamos que fazemos muito, esse muito sempre será pouco, visto que nós somos limitados e Deus é o Amor. Nós somos simples criaturas e Ele e o princípio e o fim de tudo. Mas o importante é o amor, somente o amor dá sentido a nossa vida, aos momentos de felicidade e ajuda a entender os sofrimentos. Mas é o amor que dá sentido a tudo! O amor é um gesto concreto. Se não for realizado em concreto não é amor. Um pequeno gesto: um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um simples gesto em disposição de encontro ao outro, de acolhida, de abertura, que faça notar que, para nós, o outro existe e é importante. Um pequeno ato que faça notar que nos importamos com outro, que estamos profundamente mexidos em direção a ele e que não podemos ignorá-lo ou viver como se ele não existisse.


O amor que deixa de ser palavra e entra na história por que se torna gesto, movimento, se concretiza. Todo movimento realizado terá uma reação, seja ela de reciprocidade ou contrária. Esse amor em movimento vai gerando consequencias e desencadeia uma corrente que espera uma resposta. Nós somos chamados a ser o amor de Deus em ação no meio do mundo. Nossos olhos devem refletir o olhar amoroso de Deus. Ele deve falar as pessoas pelas nossas mãos, braços e boca. Todo o nosso ser deve comunicar o amor de Deus. Através desses pequenos gestos que parecem insignificantes estamos fazendo a obra de Deus acontecer e seu amor abraçar o mundo. Essas pequenas coisas tão pequenas parecem nada, mas fazem a diferença! Quando vi essa foto do Frei Fabiano em um blog, parei justamente para pensar nisso. Esse pequeno gesto de pegar uma criança nos braços, que parece banal, fez a diferença, como podemos ler no texto abaixo, tocou o coração de Paulo Fessel que conta o seu testemunho:

“Eu e Aurea cremos que o Ângelo tem uma luz própria, algo que faz as pessoas sorrirem quando olham para ele. Essa foto é um documento vivo dessa assombrosa sensação. Na missa de natal, esse frade franciscano andava por toda a igreja, abraçando e beijando as crianças que por lá estavam. Ao vir o Ângelo, ele não piscou: pegou-o imediatamente no colo e fez dele seu Menino Jesus para o Natal de 2007, apresentando-o depois a todos os fiéis na igreja, diante do altar. Nem eu nem minha mulher somos religiosos hoje em dia, mas não pudemos deixar de nos emocionar com a cena. A qual, felizmente, pude registrar.”


Através de pequenos gestos, o Frei Fabiano, na sua simplicidade, chega até ao coração das pessoas e com certeza esse é somente um dos gestos documentados que revelam a seriedade e a profundidade em que ele vive a sua consagracão. Nesses 60 anos de consagracão, quantas pessoas ele não conduziu a Deus com o seu jeito simples e matuto. Frei Fabiano nós te agradecemos porque na tua idade ainda testemunha que aqueles que se consagram totalmente ao Senhor, não importa quantas primaveras tenham vivido, continuam sempre jovens. Pois os seus valores agora são outros e suas "armas" são forjadas pela humildade e pela simplicidade. Como nos ensina o Seráfico pai : " A pura e santa simplicidade confunde toda a sabedoria deste mundo e a prudência da carne ( ....) e a santa humildade confunde o orgulho e todos os homens deste mundo e tudo quanto há no mundo. E as duas unidas a santa caridade confunde todas as tentações do inimigo e da carne e todos os temores carnais."

Frei Fabiano, que o Senhor te ajude e a ser reflexo do amor de Deus na nossa fraternidade e testemunho de consagracão à Ele na vida franciscana nas pequenas coisas, testemunhando o amor infinito que Deus tem por cada um de nós.



Frei Emerson Aparecido Rodrigues, Ofmcap. - Roma, Itália


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Consagração Perpétua

A paz esteja com todos nós!

Os meses de julho e agosto foram e estão sendo meses de muita alegria para a Província dos Capuchinhos de São Paulo. Seis frades professaram perpetuamente em nossa fraternidade provincial.
No dia 31 de Julho, em Lençóis Paulista, nosso querido Frei Antônio Eduardo Valvassori emitiu seus votos perpétuos nas mãoes de frei Sermo Dorizoto.


No mês de agosto, no dia 07, na Igreja Santo Antônio da Vila Alpina em Santo André, foi a vez de professarem perpétuamente os freis Paulo, Rosinaldo, Décio e Francisco


Encerrando o mês dedicado a uma maior reflexão às vocações, celebraremos no dia 28 de agosto, na Igreja Sagrado Coração de Jesus - "Igreja dos Frades" - Piracicaba, a consagração definitiva de Frei Evaldo Braga.



A nossa gratidão a todos que vieram celebrar conosco esse momento de graça; nossa gratidão também a todos que acompanharam esses frades em sua formação inicial com suas orações e amizade.
E nosso coração agradecido a Deus que os chamou a seguir seu filho Jesus Cristo, ao modo de São Francisco e Clara de Assis.

D.O.M
Animação Vocacional

(Obs. Veja mais fotos em nosso site: http://www.procasp.org.br/)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

11 de agosto: Viva a claridade de CLARA DE ASSIS!

(Belíssimo acróstico composto pelas Irmãs Terciárias Capuchinhas. site:  http://www.capuchinhas.com.br/)

S anta Clara, com sua vida e exemplo nos convoca a
A mar sempre e com passos ligeiros se colocar
N o seguimento de Jesus pobre e crucificado
T ecendo relações de fraternura com
A coragem de romper com poderes e privilégios.

C onfiantes na força da Divina Ruah
L ibertos de todos os vícios e pecados
A legres e iluminados, ungidos e enviados
R ecriar a esperança e lutar pelo sonho do
A mor que se faz pão partilhado e sangue derramado.

D ivino é o chamado a sermos humanos e amantes
E xperimentando desejos e anseios pelo Bem amado!

A creditar e ter sempre os olhos fixos no ponto de partida
S aberemos por onde caminhar em tempos de travessia
S ervindo a Jesus nos pequenos e excluidos e
I dentificados com sua paixão
S ermos testemunhas de vida e ressurreição…

NOS PASSOS DE SANTA CLARA DE ASSIS

E de repente o mundo voltou a sorrir. Há oitocentos anos, Deus suscitou no coração medieval, o trovador da jovialidade, Francisco de Assis e sua plantinha Clara. A liturgia da Igreja nos convida a cantarmos o “clarão que surge do rosto da dama pobre” e serva do Altíssimo.

Lendo e meditando a vida de Santa Clara, sinto dificuldades para descrever a grandeza dessa mulher. Apenas posso parafrasear o que disse o papa João Paulo II: O mundo tem saudades de Clara de Assis.

No transcorrer dos dias Clara sente o amor do Amado que perscruta o seu coração. Num gesto louco de profunda entrega e doação, ela sela definitivamente seu casamento com o Amado da sua alma. Quanta magia aquela noite esconde em sua memória. A bela dama de Assis, que deixa o conforto de sua casa, é acolhida por frei Francisco e seus irmãos numa consagração entre o céu e a terra.



Essa união entre masculino e feminino, animus e anima, dá a toda humanidade vida e amor. A lua dança ao brilho do sol. Essa dança cósmica leva-nos hoje a assumirmos um compromisso com nossa mãe terra, a Pachamama indígena, tão ameaçada pelos “pobres filhos de Eva” que tudo querem ter.

Tão jovem e já disposta a viver inteiramente na intimidade com seu Deus pobre e humilde, que se fez um esmoler para implorar nosso amor. A pequenina igreja de São Damião é testemunha de uma vida vivida na obediência do santo Evangelho.


Quando Clara escolhe a vida de pobreza absoluta os homens de ontem e de hoje assistem a morte do lucro que diminui o ser humano. Entre as cores cinza e escuras do dinheiro, a Amada do Amado escolhe colorir sua vida com o Bem o Sumo Bem que não passa – o verdadeiro “tesouro que a ferrugem não consome nem a traça rói, muito menos os ladrões o saqueiam”.


No silêncio do seu convento ela descobre que o mundo é “um nada longe do amor de Deus”. O “silêncio e a solidão são meios indispensáveis para concentrar-nos no essencial, para viver na presença do Senhor”. É a partir dessa perspectiva que a clausura adquire a sua verdadeira dimensão e nós então podemos entender a alma missionária que teve nossa nobre senhora. Na intimidade de sua cela, Clara se encontra com a humanidade que chora e grita “sem eira nem beira”. Faz a perfeita união entre a contemplação e ação se fazendo solidária com “a paixão de Cristo na paixão do mundo”.


Hoje precisamos resgatar em nós, homens modernos, o espírito contemplativo, a doçura e a leveza de alma que possuía Clara de Assis. Queremos nas “lasqueiras de nossas vidas” encontrarmos com o Peregrino de Nazaré, homem que transforma o nosso interior e escreve a mais linda carta de amor em nós e por nós.



Há barulhos por demais e silêncio por de menos rondando o nosso mundo. Precisamos deixar “nosso coração transbordar de amor por Cristo e pela sua humanidade”, assim atualizaremos a alegria daqueles jovens, que deixando tudo o que possuíam encontraram não só o jardim belo e perfumado, mas o próprio Jardineiro ressuscitado, que é nossa garantia de um mundo novo.


Essas linhas são apenas para recordar, no escuro desse dia, a chama que agita e crepita em nós. Nas subidas e descidas da vida possamos seguir Jesus nos passos de Clara de Assis.



Leandro Longo - Piracicaba - SP
Postulante Capuchinho.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Há um Deus que nos chama e ama


Durante o mês de Agosto queremos lembrar com carinho as muitas vocações de nossa Igreja. São homens e mulheres, leigos e leigas, religiosos(as) e padres, catequistas e missionários, que levam a cidade grande e pequena as sementes do Reino de Deus.

Assim como Moisés e Jeremias, Abraão e Isaías, um dia senti que Deus me chamava. Logo respondi: “Ah, Senhor sou apenas uma criança, deixa-me aqui, no meu anonimato, que está bom”. Eu não compreendia que Deus me queria no meio do seu povo.



De coroinha para as pastorais, das pastorais para as Comunidades, assim eu ia alimentando o desejo de servir o meu Senhor. Após um tempo de decisão e encontros vocacionais, resolvi seguir Jesus mais de perto, inspirado pelo santo de Assis.

Minha opção pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos se deu porque sinto que Deus fala na dor do povo. Francisco soube reconstruir a casa viva que é o ser humano, assim me coloquei na escola franciscana, para beijar o leproso das periferias, dos cortiços, das esquinas e becos de nossa sociedade.


“Seguir Jesus rima com luz, mas rima também com cruz”. Assim vou dia após dia sem perder “de vista meu ponto de partida”, tentando carregar minha cruz na pequenez do meu ser, mas na grandeza da minha vocação.

Há um Deus que nos chama e ama. Paz e Bem.


Leandro Roberto Longo - Postulante capuchinho.


CEBs: justiça e profecia na cidade





Um relato de fé e vida

“Gente simples fazendo coisas pequenas em lugares pouco importantes consegue mudanças extraordinárias!”

“Reunidos pelo Espírito do Ressuscitado como seus discípulos/as e missionários/as”, nos reunimos como delegados das Comunidades Eclesiais de Base, para o 20º Seminário Estadual das CEBs que teve como tema: “CEBs: justiça e profecia na cidade”. Com a benção do senhor cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo, pela amizade fraterna de Dom Milton bispo auxiliar da região Episcopal Brasilândia, na terra dos Queixadas, com os companheiros/as de fé das Comunidades, fomos gentilmente acolhidos na “Estação Perus” onde vivenciamos nosso compromisso de cristãos “em pé de testemunho” na periferia de nossas cidades.
O documento de Aparecida (DA n°514) nos recorda que Deus vive na cidade, em meio às alegrias, desejos e esperanças, como também em meio às dores e sofrimentos. Os que conhecem a periferia da cidade de São Paulo ou costumam andar pelas zonas afastadas de nosso município, talvez sentem ou saibam o quanto a fome e a violência matam nosso povo.

As cidades devem ser lugares de sonhos e realizações, de liberdade e de oportunidades. Mas sabemos que nem sempre é assim. Com espaços cada dia mais segregados, a convivência urbana está ameaçada pela violência, pelo sistema que valoriza apenas o lucro transformando nossas relações em mercadoria. De um lado choramos essa triste realidade em “vales de lágrimas”, por outro, nutrimos nossa esperança na planície da “bem aventurança” de que outro mundo é possível.

Diante desses desafios, o cristão não se cala, mas une a fé e a vida. Vida maltratada e humilhada que é transformada pela fé no Cristo vivo - que vive na vida da gente. Essa união, fé e vida, é o rosto das CEBs na cidade grande.

O som profético foi gritado pelos patriarcas e pelas matriarcas de nossas comunidades que relataram episódios do período militar, entre outras lutas do Povo de Deus contra o Faraó de hoje (registramos aqui nossa visita a “vala comum do cemitério de Perus”, o lixão que há anos acompanha o cotidiano das famílias). A presença de Luiza Erundina confirmou o rosto da comunidade que não se cala. Também os povos indígenas fizeram coro ao grito da mãe Terra que chora “dores de parto”.

Divididos em grupos, estudamos e refletimos sobre nossa identidade de CEBs à luz do Documento 92 da CNBB que tanto nos alegrou trazendo a manifestação de nossos pastores a nosso respeito.

Atentos aos sinais dos tempos, nossos olhares se voltaram para as cidades de nosso Estado, e buscamos entender melhor o lugar e o contexto onde nosso povo constrói sua esperança de um mundo para todos; vimos como nossas CEBs são desafiadas a estabelecer, profeticamente, a justiça no mundo urbano pelo testemunho de sua fé.

Movidos pelo testemunho de nossos mártires que nos precederam no Reino de Deus, afirmamos nosso compromisso concreto de estabelecimento da justiça e da profecia nas estruturas de nossas cidades para que nelas não haja exclusão e sim vida em abundancia, na reconstrução do ser humano. Nosso “novo jeito de ser Igreja” nos impulsiona a um novo jeito de convivência no espaço urbano.

Na esperança pascal “reassumimos nossos compromissos batismais, de serviço aos pobres, nossos ministérios eclesiais e nossa vocação cristã de sermos agentes da transformação da Igreja e da sociedade, fazendo crescer nossas redes de comunidades, ajudando a formar o Povo de Deus e sendo missionários da instauração do Reino de Deus” que é convivência entre as pessoas”.

Nosso pai Seráfico São Francisco já nos convocou para integrarmos o mutirão das Cebs em direção ao 13° Intereclesial em Crato, Ceará, com espírito missionário de Pe. Ibiapina e Pe. Cícero, como romeiros e romeiras do Reino de Deus sob a ternura amorosa de José e Maria.

Ao leitor paz e bem.

Célia Maria Ribeiro
Cientista Social


Leandro Roberto Longo - Postulante Capuchinho