Fazia tempo que eu não vinha aqui, mas de ti eu nunca me esqueci. Ah meu Senhor!...
A verdade é que eu não ando bem, eu sei que você conhece as razões do meu coração, mas eu preciso lhe falar, preciso me calar e gritar ao mesmo tempo, pois tu és meu melhor amigo, mas sabe às vezes tenho medo de ser teu amigo, pois todos aqueles que te seguiram lavaram nosso chão com o sangue do martírio.
Nem sei como eu devo te chamar: tu, vós, você, eu não entendo muito dessas preposições, penso que você não se importaria comigo se eu te chamasse de “Véiu”, ou de “Mano”, pois é assim que eu chamo meus amigos, afinal teus amigos da Palestina te chamavam de Rabi, Messias ou de Filho de Deus que você o é de fato.
Quero lhe falar da minha família, mamãe continua nos amando e cuidando de nós, papai se esforça ao máximo para não deixar faltar o pão, meu irmão acabou de vencer mais uma etapa de seus estudos. Um dia, se eu conseguir construir uma família igual a minha de hoje, serei bastante feliz.
Família, Tarsila do Amaral |
Por esses dias também, em nosso país, uma mulher tomou posse como nossa presidenta. Eu não sei em quem você votaria se estivesse aqui. O que eu sei é que quando esteve às margens da Galiléia, você tomou partido dos pobres, sem ódio, mas também sem medo, expulsou os exploradores de tua casa, e acabou pagando um preço caro por dizer a verdade. Morreu numa cruz, e com seu sangue reconciliou os opostos: o ódio humano e o amor de Deus. Sabe quando te olho naquela cruz, olhos azuis, loiro e de cabelos claros, logo penso que você não foi desse jeito, é mais uma representação européia que o Cristo Moreno das ruas empoeiradas de Nazaré.
Ah “Véiu”! Você foi coerente em tudo. Tenho lido Marx, Sartre, Platão, mas nada me toca tanto como o teu Evangelho. Como é desafiante vivê-lo num mundo de tantos desafios. Eu sonho sim, com um outro mundo, mais justo e humano. Sabe, essa semana eu até escrevi lá no meu Orkut aquelas palavras do livro de um de seus apóstolos: “Vi um novo céu e uma nova terra”.
Não tenho vergonha de lhe dizer que curto uma balada de final de semana, pois você também era convidado para as festas de Caná. Eu sou cristão no mundo, mas não sou do mundo. Estou muito longe de ser santo, mas fico pensando na tua juventude, fostes tão “fraco no poder, mas forte no amor”.
Sabe, a imagem que eu tenho de ti é diferente da imagem que têm meus pais, e mais diferente ainda da imagem de um Deus adulto que têm meus avôs. Eu ainda não consigo ficar horas rezando na frente do sacrário como fazem os místicos, mas eu acho que tenho fé. Para mim você é o Cristo jovem, que tem um coração grande, que possui originalidade em tudo que faz e mais ainda, possui uma fantasia criadora nunca vista. Ah! Como é bom te ver assim, eu imagino você de boné, quem sabe com seu skate na mão, ouvindo Metállica... Coisas de quem não tem aquela maturidade de gente grande, mas possui um coração de jovem cristão.
Eu ainda preciso lhe falar que não consigo entender o porquê na rua da minha casa existem várias Igrejas, católicas, evangélicas e outras, que estão sempre cantando hinos em teu nome, mas nunca se sentam juntas para darem as mãos, um tomar um “refri” lá na esquina, sabe se as Igrejas não conseguem a paz entre si como querem que o mundo tenha paz? Não entendo...
Eu amo a minha Igreja, mas esses dias me deu uma saudade de nossos profetas. Ah que falta faz a voz de Dom Helder,
o sorriso de Dom Luciano,
a sabedoria dos irmãos Lorscheider...
Onde estão os profetas de hoje? As pregações dos púlpitos de hoje, quase não me convencem mais. Tua Igreja se distancia dos pobres, e não quer ouvir nós jovens. Mas não troco a minha fé, e por falar nisso, vai começar a missa. Preciso ir para casa porque como você sabe tenho prova amanhã.
Vou pensando naquilo que disse um amigo estudioso da tua vida: “Tudo o que é autenticamente humano aparece em Jesus: ira e alegria, bondade e dureza, a amizade, a tristeza e a tentação”. Como é bom ter um Deus que se fez homem, um dia os jovens serão como Clara e Francisco, pobres e revolucionários, apaixonados por ti e pelo teu Reino. Eu ainda acredito nisso.
Hei “Véiu”, “humano como você foi na vida, morte e ressurreição só podia ser Deus mesmo”. Agora vou em paz e sei que você vai comigo e até domingo na missa das oito. Amém, ah valeu por me entender. Falô.
Leandro Roberto Longo – Postulante Capuchinho
Mogi Guaçu – Janeiro 2011
Bom dia, Leandro!!
ResponderExcluirO que é ser um amigo e seguidor do Cristo??
É falar a verdade, ou melhor, viver a verdade?... É me fazer próxima do grito da exclusão que ecoa em meus ouvidos?... É não compactuar com injustiças?...
É simplesmente espalhar o Amor já semeado?... É arriscar-se morrer por causa desse Amor???...
Mas de que vale viver se não for assim??
Ah, Caríssimo, não chamo Jesus de 'véiu' ou de 'mano' porque esses termos não fazem parte de meu cotidiano!!! Mas O chamo de 'você' e convivo muito bem com Sua humanidade porque me considero Sua amiga e tento, a cada dia, fazer por merecer que Ele também queira continuar sendo meu Amigo...
Para mim, Ele não é o Homem da Cruz... Porque Ele está vivo dentro de mim, entranhado em minha alma, ardendo em meu coração...
Chame-O como quiser, Leandro... Mas chame-O!!... Porque enquanto houver "tolos" ou "loucos" como nós que ainda temos a capacidade de sonhar com uma nova ordem mundial, haverá a certeza de que Ele não desistirá...
Abraço fraterno,
Ariane Zoby
Olha a foto tinha que ser o guia Paulistano, garoto esperto kkkkkkkkkkk, beijo amo vc
ResponderExcluirBom dia!!!
ResponderExcluirLinda a nova cara do blog!!
Bem alegre, com o frescor e a juventude da esperança.
Veio à memória meus tempos de criança, quando passava as férias na fazenda de meu avô, lá no meu nordeste querido...
Diria até que está com aquele cheirinho de terra molhada, quando depois de uma boa chuvarada, o sol vai voltando devagarinho...
Amei!!
Abraço fraterno,
Ariane Zoby