Durante o mês de Agosto queremos lembrar com carinho as muitas vocações de nossa Igreja. São homens e mulheres, leigos e leigas, religiosos(as) e padres, catequistas e missionários, que levam a cidade grande e pequena as sementes do Reino de Deus.
Assim como Moisés e Jeremias, Abraão e Isaías, um dia senti que Deus me chamava. Logo respondi: “Ah, Senhor sou apenas uma criança, deixa-me aqui, no meu anonimato, que está bom”. Eu não compreendia que Deus me queria no meio do seu povo.
De coroinha para as pastorais, das pastorais para as Comunidades, assim eu ia alimentando o desejo de servir o meu Senhor. Após um tempo de decisão e encontros vocacionais, resolvi seguir Jesus mais de perto, inspirado pelo santo de Assis.
Minha opção pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos se deu porque sinto que Deus fala na dor do povo. Francisco soube reconstruir a casa viva que é o ser humano, assim me coloquei na escola franciscana, para beijar o leproso das periferias, dos cortiços, das esquinas e becos de nossa sociedade.
“Seguir Jesus rima com luz, mas rima também com cruz”. Assim vou dia após dia sem perder “de vista meu ponto de partida”, tentando carregar minha cruz na pequenez do meu ser, mas na grandeza da minha vocação.
Há um Deus que nos chama e ama. Paz e Bem.
Leandro Roberto Longo - Postulante capuchinho.
CEBs: justiça e profecia na cidade
Um relato de fé e vida
“Gente simples fazendo coisas pequenas em lugares pouco importantes consegue mudanças extraordinárias!”
“Reunidos pelo Espírito do Ressuscitado como seus discípulos/as e missionários/as”, nos reunimos como delegados das Comunidades Eclesiais de Base, para o 20º Seminário Estadual das CEBs que teve como tema: “CEBs: justiça e profecia na cidade”. Com a benção do senhor cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo, pela amizade fraterna de Dom Milton bispo auxiliar da região Episcopal Brasilândia, na terra dos Queixadas, com os companheiros/as de fé das Comunidades, fomos gentilmente acolhidos na “Estação Perus” onde vivenciamos nosso compromisso de cristãos “em pé de testemunho” na periferia de nossas cidades.
O documento de Aparecida (DA n°514) nos recorda que Deus vive na cidade, em meio às alegrias, desejos e esperanças, como também em meio às dores e sofrimentos. Os que conhecem a periferia da cidade de São Paulo ou costumam andar pelas zonas afastadas de nosso município, talvez sentem ou saibam o quanto a fome e a violência matam nosso povo.
As cidades devem ser lugares de sonhos e realizações, de liberdade e de oportunidades. Mas sabemos que nem sempre é assim. Com espaços cada dia mais segregados, a convivência urbana está ameaçada pela violência, pelo sistema que valoriza apenas o lucro transformando nossas relações em mercadoria. De um lado choramos essa triste realidade em “vales de lágrimas”, por outro, nutrimos nossa esperança na planície da “bem aventurança” de que outro mundo é possível.
Diante desses desafios, o cristão não se cala, mas une a fé e a vida. Vida maltratada e humilhada que é transformada pela fé no Cristo vivo - que vive na vida da gente. Essa união, fé e vida, é o rosto das CEBs na cidade grande.
O som profético foi gritado pelos patriarcas e pelas matriarcas de nossas comunidades que relataram episódios do período militar, entre outras lutas do Povo de Deus contra o Faraó de hoje (registramos aqui nossa visita a “vala comum do cemitério de Perus”, o lixão que há anos acompanha o cotidiano das famílias). A presença de Luiza Erundina confirmou o rosto da comunidade que não se cala. Também os povos indígenas fizeram coro ao grito da mãe Terra que chora “dores de parto”.
Divididos em grupos, estudamos e refletimos sobre nossa identidade de CEBs à luz do Documento 92 da CNBB que tanto nos alegrou trazendo a manifestação de nossos pastores a nosso respeito.
Atentos aos sinais dos tempos, nossos olhares se voltaram para as cidades de nosso Estado, e buscamos entender melhor o lugar e o contexto onde nosso povo constrói sua esperança de um mundo para todos; vimos como nossas CEBs são desafiadas a estabelecer, profeticamente, a justiça no mundo urbano pelo testemunho de sua fé.
Movidos pelo testemunho de nossos mártires que nos precederam no Reino de Deus, afirmamos nosso compromisso concreto de estabelecimento da justiça e da profecia nas estruturas de nossas cidades para que nelas não haja exclusão e sim vida em abundancia, na reconstrução do ser humano. Nosso “novo jeito de ser Igreja” nos impulsiona a um novo jeito de convivência no espaço urbano.
Na esperança pascal “reassumimos nossos compromissos batismais, de serviço aos pobres, nossos ministérios eclesiais e nossa vocação cristã de sermos agentes da transformação da Igreja e da sociedade, fazendo crescer nossas redes de comunidades, ajudando a formar o Povo de Deus e sendo missionários da instauração do Reino de Deus” que é convivência entre as pessoas”.
Nosso pai Seráfico São Francisco já nos convocou para integrarmos o mutirão das Cebs em direção ao 13° Intereclesial em Crato, Ceará, com espírito missionário de Pe. Ibiapina e Pe. Cícero, como romeiros e romeiras do Reino de Deus sob a ternura amorosa de José e Maria.
Ao leitor paz e bem.
Célia Maria Ribeiro
Cientista Social
Leandro Roberto Longo - Postulante Capuchinho
Parabéns Leandro pelo belo testemunho dado. De fato, nós, franciscanos e franciscanas, não podemos nos esquecer a origem de nosso carisma. O que hoje é amargo para o mundo, deve ser o doce de nossa vida. Que Deus nos inspire a buscarmos na humildade aqueles que necessitam de nosso amor e do Evangelho.
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