A vida franciscana é um dom concedido pela graça de Deus Pai e a ação do Espírito Santo. Francisco de Assis, o irmão universal, tinha plena convicção de que a obra que iniciara não fora uma ação sua, mas algo que fora inspirado pela ação do Vivente, Cristo Senhor. Sendo assim, Francisco sabia que todo o irmão que vinha ao seu encontro fora impulsionado pelo Espírito Santo, como um dom, e que todos contribuíam, com suas aptidões para o bem de todos e da Santa Igreja.
Sendo assim, vejamos o que diz a Perfectae Caritatis, decreto promulgado durante o Concílio Vaticano II, que trata da vida religiosa:
“Surgiu assim, por divina providência, uma admirável variedade de grupos religiosos, a qual muito contribui para que a Igreja não apenas esteja aparelhada para toda boa obra e organizada para as atividades do seu ministério em vista da edificação do Corpo de Cristo, mas apareça também ornamentada com os vários dons de seus filhos, como uma esposa adornada para o seu esposo, e por ela se manifeste a multiforme sabedoria de Deus”
Como nos diz os bispos reunidos no Concílio, a vida religiosa, que surgiu no meio do povo, não contribui apenas para que a Igreja esteja organizada em suas atividades ministeriais, mas também, para enriquecê-la com os diversos dons que cada um de nós possuímos dentro de nosso íntimo para agradar ao nosso Senhor e Mestre.
Por isso, quando ingressamos na vida religiosa, não podemos abandonar nossos dons, pois todas as nossas aptidões foram concedidas por Deus, que nos criou e nos conhece, “desde o seio materno”. Ao contrário, devemos aperfeiçoá-los para que, com esses dons, possamos contribuir para o nosso crescimento, crescimento da Igreja e para o louvor a Jesus Cristo.
A regra franciscana possui um capítulo destinado ao trabalho do frade menor, é o número cinco, vejamos o que diz um trecho dele:
“Aqueles irmãos aos quais o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem fielmente e devotamente, de modo que, afastado o ócio que é inimigo da alma, não extingam o espírito da Santa oração e devoção, ao qual deve servir as demais coisas temporais”
Devemos, como nos exorta nossa regra de vida, trabalhar sem desanimar, aperfeiçoando-nos sempre mais. Por isso, cursando a faculdade de música, tenho a oportunidade de crescer musicalmente, aprender novas formas de fazer a música, com aulas teóricas e práticas, envolvendo muita audição e leitura.
Sabemos, através do estudo da história da música, que quando o homem, na pré-história, começou a cultuar divindades, surgiu a música. Música e religião, portanto, sempre andaram juntas ao longo da história, fazendo com o que o homem, através de uma linguagem inefável, pudesse expressar seus sentimentos mais profundos.
Posteriormente, a cultura grega surgirá, perpetuando-se para a posteridade, o pensamento e modo de ser do ocidental têm suas raízes na Grécia. Também na música os gregos deram a sua contribuição, com uma teoria musical sofisticada e uma filosofia da música bem sedimentada. Platão, na República, diz que o homem, para se desenvolver em todos os aspectos, deveria exercitar-se em duas artes: ginástica, para o corpo, e a música, para a alma.
Mas, em meio a uma faculdade onde a grande maioria, professores e alunos, desconhecem o que é ser religioso e mesmo a forma de pensar da sociedade é de negar a ação de Deus na vida cotidiana, fica muito mais difícil a vivência evangélica. Mas, como o nosso irmão Francisco nos ensina na regra, se mantivermos o espírito de oração e devoção, conseguiremos testemunhar o evangelho, à maneira franciscana, ou seja, vivendo e convivendo, respeitando as diferenças, sem negar aquilo que somos. Assim vamos nos conhecendo e nos enriquecendo mutuamente.
Somente dessa forma, respeitando a todos e convivendo fraternalmente, seremos irmãos como Francisco queria. Lembrando que a pregação é antes vivência que sermão.
Frei Raphael Harder - Imaculada - São Paulo - SP
Parabêns Frei Raphael... Você sempre prestigiando e enriquecendo o "Animação Vocacional Capuchinha" com comentários profundos e pertinentes; agora nos concede a honra dessa pérola de artigo!
ResponderExcluirDeus realmente nos concede muitos dons! Para nós franciscanos o maior deles é a nossa vocação, conforme nos diz Santa Clara, e vocação de vivermos como irmãos!
Obrigado pelo grande Dom de Deus que você é em nossa vida em fraternidade. Muita luz e força nessa sua belíssima missão. Seja sempre essa canção de paz, amor e fraternidade no meio do povo, no meio do mundo!
Raphael,que São Francisco e Santa Clara te ilumine e abençõe sempre. Muito Obrigado Senhor por este filho amado que me deste. Beijos.
ResponderExcluirFrei meus parabéns pelo seu artigo!
ResponderExcluirVerdadeiramente precisamos cultivar os dons, nosso potencial, que Deus nos concede para a nossa vida, para nossa realização.
Paz e bem!