terça-feira, 16 de março de 2010

A espiritualidade do tempo da Quaresma

Quaresma.... Tempo de deserto, Tempo de mudança,
Invocamos tua resistência, Tua esperança, Teu amor sem medida.
Hoje e sempre.
Amém.

* Texto publicado oriignalmente na página da Faculdade Dehoniana (http://www.dehoniana.org.br/posicao1.asp)

Queridos irmãos e irmãs, estudantes do curso Teologia e Filosofia e todos que utilizam o site como meio de pesquisa e conhecimento da Faculdade Dehoniana, é com alegria e esperança que iniciamos este tempo favorável de conversão: o Tempo da Quaresma.

São Quarenta dias em que somos convidados a refletir sobre a nossa caminhada espiritual que nos purifica e nos conduz à ressurreição. Este é o verdadeiro sentido da Quaresma: nos preparar e levar para ressuscitar junto com Cristo. A quaresma é um caminho que nos leva a Jerusalém. Não a cidade geográfica, mas à paixão, morte e ressurreição do Senhor.

Nós cristãos celebramos todo ano a festa da Páscoa: memorial da paixão morte e ressurreição de Jesus e esperamos ser a nossa. È o maior de todas as festas cristã. A mais importante e grande de mais para ser preparada em apenas três dias ou uma semana. Por isso, estendemos a sua preparação para quarenta dias. Daí Quaresma, período de quarenta dias, que vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa pela manhã.

Nesses quarenta dias de preparação para a Páscoa, Deus nos leva a lembrarmos os quarenta anos do povo de Deus no deserto. Sobretudo, revivemos os quarenta dias que Jesus passou no deserto, preparando-se para sua missão.

Para nós estudantes de Teologia, Filosofia e todos os discípulos missionário de Jesus, a Quaresma é um tempo forte em que fazemos o caminho para a Páscoa, motivados pela Palavra e unidos aos sentimentos de Jesus Cristo, cultivando a oração, o amor a Deus e a solidariedade com os irmãos para que juntos construamos a fraternidade.

É um tempo em que, na tradição da Igreja, os catecúmenos se preparam intensamente para o batismo na noite da Páscoa, isto é na Vigília pascal (Introdução do RICA, n. 21) .

Para nós que temos a missão de formar pessoas com sensibilidade humana e religiosa capazes de ajudar a sociedade a promover e defender a vida, e fortalecer os laços de fraternidade e estimular o diálogo, por meio do estudo sistemático dos diversos tratados da teologia a quaresma é um tempo de graça e benção, escuta mais intensa da Palavra de Deus, de conversão e mudança de vida, de recordação e preparação do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos; tempo de oração mais intensa; tempo de jejum como aprendizagem, entrega e docilidade à vontade do Pai; tempo de esmola ou de partilha de bens e de gestos de fraternidade, de carinho com os pobres e necessitados.

A Quaresma é um tempo privilegiado que Deus nos concede para nos aproximar “mais” dele. É o tempo favorável de que precisamos para rever nossa vida. A Quaresma nos ajuda a responder a pergunta: Estamos caminhando para a Páscoa, para a Ressurreição? Ou estamos “parando” na sexta-feira da Paixão? Deus conhece o nosso coração e nos convida a atravessar este deserto rumo à Terra Prometida.

Juntamente com este tempo favorável, a Igreja no Brasil coloca para a nossa reflexão a Campanha da Fraternidade. Esta quaresma, conforme a proposta da CNBB, quer levar-nos a uma “economia de comunhão” em que o lucro seja fonte de generosidade e convite de abertura das mãos e do coração em favor de quem nada tem.

Esta é uma lúcida, oportuna e generosa Campanha da Fraternidade à luz da ressurreição do Senhor. Necessário, pois lembrar e entender: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24).

Peçamos a Deus, sob a intercessão da Virgem Dolorosa, a graça de abrir o coração a esta riqueza espiritual, que nos é concedida neste tempo favorável.


Oremos
O Pai dos oprimidos, companheiro dos sofredores, confessamos, neste tempo da quaresma, nosso medo diante das injustiças, nossa covardia diante da opressão, nossa indiferença diante dos preconceitos. Acolhe nosso coração contrito, Dá-nos a coragem dos anunciadores do teu Reino. Para que na alegria do perdão e da Ressurreição possamos celebrar a água cristalina, o vento leve, a chuva que inspire poemas, que nossas mesas sejam fartas, que o vinho traga alegria e a fé nunca nos falte, que a chuva nos surpreenda e que nunca nos falte o desejo de recomeçar. Assim seja.


Frei Mauricio José Silva dos Anjos é frade Capuchinho na Província de São Paulo. Entre seus trabalhos, está o de promotor vocacional.

Reside na Fraternidade Santa Clara – Taubaté – SP.

2 comentários:

  1. Muito boa sua reflexão,Parabêns!
    Que, embebidos na espiritualidade quaresmal, possamos fazer nova todas as coisas pela ação do ressuscitado.

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  2. Estou esperando outro belíssimo artigo do Senhor, Frei Mauricio... brinde-nos com um sobre a Páscoa...

    Abração!!!

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