sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

EU ERA ESTRANGEIRO

CARTA NATALÍCIA DE 2011

Também este ano pelo Natal, e já estamos no sexto ano, eu escrevo a vocês caros confrades capuchinhos para desejar a todos um Santo Natal! Estendo os meus augúrios às irmãs capuchinhas espalhadas nos muitos mosteiros do mundo.

Tomo como inspiração a narração de Mateus que no segundo capítulo de seu Evangelho nos apresenta o relato da fuga para o Egito de José, com Maria sua esposa e o menino Jesus. Aquele que os povos, na pessoa dos Reis Magos vindos do Oriente reconheceram, é recusado, ou melhor, desterrado e ameaçado de morte pelo rei Herodes. Deve fugir para longe, para não perder a vida. Delineia-se desde o princípio no horizonte de sua vida, uma sombra tenebrosa, a sombra da cruz. Isto nos diz que não é possível viver e celebrar o Natal como uma festa isolada do resto do caminho de Jesus. Se de um lado há grande alegria pelo nascimento do Salvador, por outro, nós somos advertidos de que abre-se para Ele uma vida difícil. Mas a sua entrega disponível à cruz será para nós a redenção. O ato de sorver até à última gota o cálice que o Pai lhe deu, se inicia com uma fuga para o exílio (Jo 18, 11).
 
Irmãos, compreendam-me, não tenho intenção de estragar a festa, quero apenas recordar a vocês que ao lado da alegria do Natal, é preciso ter consciência de que nos relatos do Evangelho da infância se prenuncia a densa sombra da cruz. Como não recordar o velho Simeão, que voltando-se para Maria lhe diz: “Uma espada transpassará a tua alma!” (Lc 2, 35), pois Aquele que dela nasceu “está aqui como sinal de contradição” (Lc 2, 34).

A fuga para o Egito evoca a escravidão do povo de Israel. “Do Egito eu chamei meu fi lho” (Mt 2, 15) não faz senão evocar o cumprimento das promessas, indicando a profunda ligação e a partilha concreta Filho de Deus feito homem e nascido de Maria com a história dolorosa de seu povo. História marcada por destruições, deportações, exílios, desânimo.


Se lançamos o nosso olhar sobre o presente e sobre o quanto os massmédia nos mostram cada dia, a história dos êxodos forçados não cessa. Quanta gente é obrigada ainda hoje a deixar a própria terra ameaçada pela guerra, por governos ditatoriais, por grandes limitações econômicas, pela carestia.

A Itália, por exemplo, este ano assistiu a uma ininterrupta chegada de barcaças partidas das costas do Norte da África carregadas de pessoas em busca de segurança ou de uma oportunidade de ganho.  Pagando alta soma, eles eram amontoados em incríveis e inseguras barcaças. E muitos, de todas as idades, não chegaram à ilha de Lampedusa, sucumbiam no mar, ou pelo frio.

Em outra parte do mundo, na fronteira entre o México e os EUA há uma zona tensa, por tantas passagens ilegais de pessoas que alimentam a esperança de um trabalho que lhes permita ganhar os meios com que possam sustentar a família deixada no país de origem. Quantos conseguirão realizar seu sonho? Quantos deles serão barrados? Não existem palavras suficientes para contar os dramas e as tragédias que nós estamos vendo.


No mês de setembro deste ano realizou-se em Lima o Encontro sobre a Migração organizado pelo Departamento de Justiça, Paz e Ecologia, para os frades de todas as Américas. O Encontro se dirigia em primeiro lugar aos frades de algum modo empenhados em diversos níveis, em dar apoio a estas pessoas, mas visava dar também uma ocasião de Encontro a todos os frades. O seu encontrar-se podia ser, e foi, ocasião para melhorar e coordenar as diversas presenças e atividades. A partida forçada da Sagrada Família para o Egito, nos permite afi rmar que Jesus é solidário com a história que vem depois Dele. A sua solidariedade atinge os sofredores de todos os tempos, em particular quem é “forasteiro” (Mt 25, 35).
 
Caros irmãos, eu quero simplesmente convidar  vocês a refletirem por um pouco de tempo, sobre como querem festejar o Natal este ano, considerando os dramas aos quais acenei brevemente. O que vos parece, se cada fraternidade se empenhasse em fazer um gesto de solidariedade para com alguém que entre nós é “forasteiro”, não por ter escolhido, mas por estar ameaçado na sua dignidade de pessoa criada à imagem e semelhança de Deus? Eu imagino que sejam muitos os modos de fazê-lo: convidem alguém à vossa mesa, ou levem a estas pessoas alguma coisa, não porém o supérfluo, mas algo que vocês renunciam, para que o Natal deles longe de suas casas e de seus caros seja menos triste.
 
Outra maneira é pôr-se à disposição de alguma Associação que já trabalha para estes exilados forçados, para fazer alguma coisa por eles. Certamente são muitos os modos de agir neste setor mas o que eu quero dizer é que cada um decida fazer um gesto concreto, mesmo se pequeno. Se, como nos diz a Palavra Viva do Evangelho “há mais alegria em dar do que em receber” (At 20, 5), tentem fazê-lo com um gesto concreto. Eu tenho certeza, pois o Evangelho não é uma fábula.

O Natal, o de vocês e o nosso Natal assumirá o sabor das coisas autênticas. Talvez terá um sabor que jamais provamos! Sim, pois o sal do Evangelho torna novas todas as coisas! Com esta mensagem e de coração eu auguro a vocês um Natal belo, que eu espero seja marcado por um gesto de profunda comunhão, como aquele que fez Jesus acolhendo e curando ao longo das estradas da Galileia, da Samaria, da Judeia ou nos territórios pagãos de Tiro e Sidônia (Mc 7, 24)! 

Roma, 22 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL!


Frei Mauro Jöhri
Ministro Geral OFMCap

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

IMACULADA CONCEIÇÃO


Os Frades Menores Capuchinhos da Província de São Paulo, temos Nossa Senhora, Mãe de Jesus, celebrada em sua Imaculada Conceição, como nossa padroeira. Para comemorar um dia tão importante para todos nós frades e, claro, para todos os cristãos católicos, partilhamos com todos uma suscista e profunda reflexão de Frei Mauro Strabelli. Àqueles que quiserem aprofundar sobre esse e outros assuntos bíblicos, consulte o blog do Frei Mauro: http://www.strabeli.blogspot.com/



Amanhã, dia 8 de dezembro é feriado em algumas cidades desse Brasil. O motivo é religioso-católico: comemoração da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. O que é isso? A doutrina sobre a imaculada conceição de Maria foi confirmada e proclamada como verdade dogmática pela Igreja através do Papa Pio IX em 1854. E significa que Maria foi preservada imune de toda mancha de pecado original. Foi concebida sem pecado, por isso é pura, toda pura, imaculada. Essa doutrina não é uma invenção do Papa mas está fundamentada na sadia e continuada Tradição da Igreja. Quando um Papa declara um dogma ele está falando por toda a Igreja. O Papa tem o "senso do Magistério", mas o povo tem o "senso do fiéis", de modo que a proclamação de um dogma reflete todo o pensamento da Igreja. Toda a Igreja, em todos os tempos e sempre compreendeu que a Mãe do Filho de Deus não podia ser marcada pelo pecado. O consenso dos fiéis é que deu apoio ao Papa para a definição dogmática. E quando há consenso do Magistério e dos fiéis, não pode haver erro.


Santo Agostinho dizia: "Quando se trata de pecado em Maria, pela honra devida ao Senhor, eu não quero nem discutir". E S. Dionísio dizia que aquela que veio para esmagar a cabeça da serpente não poderia jamais ser esmagada por ela com a mancha do pecado!


A base bíblica é clara: ela é chamada a "cheia de graça" (em grego é kecharitomeno que significa plenamente, totalmente agraciada, repleta de graça (Lucas 1,28). E Maria diz: ainda: "Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso" A maravilha foi preservá-la e fazer dela a Mãe de seu Filho Jesus. Ela foi redimida de um modo sublime: uma redenção preventiva, pré-redenção. Por que? Porque, diz o santo franciscano Duns Scoto : Deus podia, era conveniente, por sso ele fez" (Potuit, decuit, ergo fecit".)


SALVE MÃE IMACULADA.


Frei Mauro Strabeli - Fraternidade Imaculada Conceição - Birigui - SP

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

PROFISSÃO TEMPORÁRIA


Tivemos a imensa alegria, no dia 27 de novembro de 2011, na igreja São Francisco de Assis em Nova Veneza- Sumaré-SP, de realizar nossos primeiros votos na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos na Província de São Paulo. Nós, frei André, frei Carlos Eduardo (kadu), frei Saulo e frei Frank nos preparamos durante um ano de noviciado para abraçarmos de coração aberto e confiança em Deus o seguimento de discípulos missionários de Jesus nos passos de São Francisco de Assis, tendo os três votos como forma radical de seguimento: nada de próprio (pobreza), castidade e obediência, aceitos pela Igreja nas mãos do nosso provincial Frei Airton Carlos Grigoleto e demais testemunhas.

Professos com a família por ocasião da entrada no noviciado
Estiveram presentes conosco, para compartilhar de nossa alegria e vontade pessoal de seguimento a Cristo na vida franciscano-capuchinha, nossos pais, parentes e amigos de nossas cidades de origem e também amigos de Piracicaba, cidade onde passamos e fizemos dois anos de postulantado e grades amigos-irmãos de Nova Veneza, pessoas que fizeram parte de nossa história de vida pessoal e vocacional neste ano.


Nossa maior satisfação é poder nos sentir pertencentes à convivência de fraternidade dos frades menores capuchinhos, pois sabemos que nos tornamos irmãos. Por isso, nosso muito obrigado a todos aqueles que nos ajudaram durante os primeiros anos do processo formativo: aspirantado, postulantado e noviciado. Embora sabemos que ainda falta uma longa caminhada, mas temos a certeza de que temos irmãos que nos dão força, porque foram com vocês que aprendemos a valorizar a vida comum e a respeitar o jeito de ser de cada irmão que vem fazer parte de nossa vida. Sabemos que devemos buscar a perfeição em Cristo Jesus, Nosso Senhor e Bom-Pastor.


Aos formandos e vocacionados, temos que agradecê-los, pois muitos rezaram por nós e, certamente, continuam rezando pela nossa perseverança. Nunca devemos esquecer que um dia fomos vocacionados no processo de entrada para o convento, mas não devemos esquecer também que sempre seremos eternos vocacionados, porque temos sempre muitas coisas a aprender uns com os outros. Contem sempre conosco, com nossas orações e bem querer, sejam sempre bem-vindos. Paz e bem!!!

Fraternalmente...


Frei Carlos Eduardo Fernandes (Frei Kadu).

domingo, 13 de novembro de 2011

A parábola dos Talentos


Uma interessante paráfrase de Rubem Alves sobre a Parábola dos Talentos (Mt 25, 14-30) que partilharemos em nossas celebrações deste 33º Domingo do tempo comum.

A Parábola dos Talentos
Havia um homem muito rico, possuidor de vastas propriedades, que era apaixonado por jardins. Os jardins ocupavam o seu pensamento o tempo todo e ele repetia sem cessar: O mundo inteiro ainda deverá transformar-se num jardim. O mundo inteiro deverá ser belo, perfumado e pacífico. O mundo inteiro ainda se transformará num lugar de felicidade.


As suas terras eram uma sucessão sem fim de jardins, jardins japoneses, ingleses, italianos, jardins de ervas, franceses. Dava muito trabalho cuidar de todos os jardins. Mas valia a pena pela alegria. O verde das folhas, o colorido das flores, as variadas simetrias das plantas, os pássaros, as borboletas, os insectos, as fontes, as frutas, o perfume… Sozinho ele não daria conta Por isso anunciou que precisava de jardineiros. Muitos se apresentaram e foram empregados.

Aconteceu que ele precisou de fazer uma longa viagem. Iria a uma terra longínqua comprar mais terras para plantar mais jardins. Assim, chamou três dos jardineiros que contratara, e disse-lhes: Vou viajar. Ficarei muito tempo longe. E quero que vocês cuidem de três dos meus jardins. Os outros, já providenciei quem cuide deles. A você, Paulo, eu entrego o cuidado do jardim japonês. Cuide bem das cerejeiras, veja que as carpas estejam sempre bem alimentadas… A você, Hermógenes, entrego o cuidado do jardim inglês, com toda a sua exuberância de flores espalhadas pelas rochas… E a você, Boanerges, entrego o cuidado do jardim mineiro, com romãs, hortelãs e jasmins.


Ditas essas palavras, partiu. Paulo ficou muito feliz e pôs-se a cuidar do jardim japonês. Hermógenes ficou muito feliz e pôs-se a cuidar do jardim inglês. Mas Boanerges não era jardineiro. Mentira ao oferecer-se para o emprego. Quando ele viu o jardim mineiro disse: Cuidar de jardins não é comigo. É demasiado trabalho…



Trancou então o jardim com um cadeado e abandonou-o. Passados muitos dias voltou o Senhor, ansioso por ver os seus jardins. Paulo, feliz, mostrou-lhe o jardim japonês, que estava muito mais bonito do que quando o recebera. O Senhor dos Jardins ficou muito feliz e sorriu. Hermógenes mostrou-lhe o jardim inglês, exuberante de flores e cores. O Senhor dos Jardins ficou muito feliz e sorriu.


E foi a vez de Boanerges… E não havia forma de enganar: Ah! Senhor! Preciso de confessar: não sou jardineiro. Os jardins dão-me medo. Tenho medo das plantas, dos espinhos, das lagartas, das aranhas. As minhas mãos são delicadas. Não são próprias para mexer na terra, essa coisa suja…
Mas o que me assusta mesmo é o facto das plantas estarem sempre a transformar-se: crescem, florescem, perdem as folhas. Cuidar delas é uma trabalheira sem fim.


Se estivesse em meu poder, todas as plantas e flores seriam de plástico. E a terra estaria coberta com cimento, pedras e cerâmica, para evitar a sujeira. As pedras dão-me tranquilidade. Elas não se mexem. Ficam onde são colocadas. Como é fácil lavá-las com esguichos e vassoura! Assim, eu não cuidei do jardim. Mas tranquei-o com um cadeado, para que os traficantes e os vagabundos não o invadissem.

E com estas palavras entregou ao Senhor dos Jardins a chave do cadeado. O Senhor dos Jardins ficou muito triste e disse: Este jardim está perdido. Deverá ser todo refeito. Paulo, Hermógenes: vocês vão ficar encarregados de cuidar deste jardim. Quem já tinha jardins ficará com mais jardins.


E, quanto a você, Boanerges, respeito o seu desejo. Não gosta de jardins. Vai ficar sem jardins. Gosta de pedras. Pois, de hoje em diante, irá partir pedras na minha pedreira…


Rubem Alves
Gaiolas ou Asas – A arte do voo ou a busca da alegria de aprender
Porto, Edições Asa, 2004

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Presença dos aspirantes no Asilo São Vicente de Paulo de Cândido Mota


Os jovens Hugo Santos Vieira, Matheus Galiani e Ricardo Salgado Gomes, aspirantes da Província dos Capuchinhos de São Paulo, realizaram dos meses de agosto a novembro um belíssimo trabalho pastoral no Asilo São Vicente de Paulo em Cândido Mota.


Duas vezes por semana os aspirantes permaneciam no Asilo auxiliando às Irmãs de São Caetano no trabalho direto com os idosos. As visitas foram além de uma presença amiga, indo ao encontro das necessidades dos idosos nos seus diferentes aspectos. Seja na alimentação, na higiene pessoal, auxilio aos funcionários e também ouvindo e partilhando da vida dos atendidos pela instituição.


O trabalho pastoral dos aspirantes não se restringiu apenas nas visitas semanais, mas também na participação das recreações realizadas, tendo por finalidade alegrar a vida o dia a dia dos idosos. Durantes os eventos, Gincana de São Vicente de Paulo, Passeio na Chácara das Irmãs e visita a uma localidade nativa nos limites de Assis, onde os idosos puderam divertir-se com as travessuras dos macaquinhos.


Segundo os jovens, o contato direto com os idosos os auxiliou na descoberta do sentido real da velhice e da necessidade que os idosos sentem de atenção, cuidado, carinho e amor, enfim, um trabalho totalmente recompensador e gratificante.

domingo, 6 de novembro de 2011

1º Acampamento no Centro Vocacional Frei Paulino

Em 1971, Frei Paulino, Frade da nossa Província de São Paulo, fundou o Centro Vocacional da Criança e do Adolescente, no município de Cândido Mota - SP, com o objetivo de proporcionar-lhes possibilidades de uma vida melhor, através de atividades educacionais, recreação, lazer, alimentação e profissionalização. Hoje o Centro Vocacional chamado "Frei Paulino", atende mais de 350 crianças e adolescentes dando-lhes reforço escolar, alimentação, momentos de espiritualidade e cursos profissionalizantes. (confira o site: Centro Vocacional Frei Paulino clique aqui)

Além de todas essas atividades, o Centro Vocacional Frei Paulino promoveu no último final de semana (04 e 05 de novembro) o 1º Acampamento do Vocacional. Além dos funcionários e voluntários, contou com a colaboração dos estagiários do curso de psicologia da UNESP-Assis, dos Jovens da Pároquia de Cândido Mota - A famíla "TOPADA", do Frei Décio e dos Aspirantes Hugo, Matheus e Ricardo.


Enquanto os funcionários, voluntários e alunos de psicologia da UNESP trabalhavam algumas dinâmicas com as crianças e adolescentes, os jovens da TOPADA, Frei Décio e os Aspirantes repassavam mais uma vez o teatro que logo mais apresentariam.

Apresentaram "Life House", uma história que conta como Deus em seu infinito amor nos chama para a vida em um mundo preparado com muito cuidado para que sejamos felizes. Mas não há só beleza nesta vida, muitas forças contrárias querem nos afastar do amor de Deus: Vícios, vaidades, drogas, dinheiro e poder, suicídio...




Mas o amor de Deus é mais forte e nada e ninguém nos pode Dele separar. Vem em nosso auxílio, se assim o desejarmos, e nos livra de tudo isso que pode nos destruir. Ele dá pleno sentido a nossa vida!


Depois da apresentação, os jovens da TOPADA, Frei Décio e os aspirantes reuniram-se para ajustar os últimos detalhes da manhã de Espiritualidade no Acampamento, que começou as 7h00 do dia seguinte. 

 


As crianças foram recepcionadas no refitório com muitas músicas e logo depois uma bela oração agradecendo a Deus pelo irmão Sol.


As 8h00 teve inicio a manhã de espiritualidade. Destacou-se nesse momento o grande valor das verdadeiras amizades que nos conduzem para a luz não nos deixando cair em meio às trevas.



Frei Décio encerrou a manhã de espiritualidade ressaltando a importância do trabalho e dedicação de todos que atuam no centro vocacional Frei Paulino e que eles são a manifestação desse amor, carinho e dedicação que Deus tem em relação a cada criança e adolescente, amando-os tal qual eles são.

Parabêns ao Centro Vocacional Frei Paulino pela iniciativa, que Deus continue abençoado tão importante trabalho. O nosso muito obrigado aos jovens da TOPADA que não mediram esforços para que o acampamento fosse também tempo de graça e espiritualidade, aos aspirantes e Frei Décio que se fizeram presentes e atuantes nesse momento vocacional.

Pelo serviço de Animação Vocacional de Cândido Mota.
Paz e bem.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

15 anos da fraternidade do Postulantado

Atual fraternidade do Postulantado
Aos sete de outubro de 1996, foi inaugurada a Casa dos Postulantes: uma nova fraternidade em Piracicaba, com o objetivo de acolher os postulantes, em meio à necessidade de se criar um espaço de estudo e oração para a etapa inicial de nossa formação. Segundo nossas constituições, no Capítulo II, Art. IV, nº. 28, o Postulantado é definido como:

“[...] é o período de formação inicial em que se assume a opção por nossa vida. Durante esse período, o candidato conhece nossa vida, ao mesmo tempo em que a fraternidade, por sua parte, conhece melhor e ajuda o candidato a discernir sua vocação. A formação dos postulantes tem como objetivo principal o aperfeiçoamento da catequese da fé, a formação franciscana e uma primeira experiência de trabalho apostólico. Também deve ser provada e cultivada a maturidade humana, principalmente afetiva, e também a capacidade de discernir evangelicamente os sinais dos tempos”.

Com o intuito de atender essas necessidades, fora reformada parte do Seminário Seráfico São Fidélis, adaptando um anexo destinado à Casa dos Postulantes, tornando-se uma nova fraternidade.

Os registros no livro tombo da casa nos relatam que o evento da inauguração começou com um almoço festivo no Seminário São Fidélis, com a presença de vários frades e formandos da Província. As 15h00, na Capela do Seminário São Fidélis, houve uma celebração presidida pelo Frei Sermo Dorizotto, ministro provincial do respectivo triênio, que a iniciou com a bênção das imagens da Imaculada Conceição, São Francisco e Santa Clara, que foram colocadas na antiga gruta, dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, agora anexa ao refeitório da nova casa, onde muitos frades ficavam em oração no tempo do seminário menor. Frei Odair Verussa fez a homilia e, Frei Sermo abençoou os cômodos da nova casa. Após a bênção final, foram plantadas no pátio da casa algumas jabuticabeiras.

O Postulantado tinha uma estrutura de três anos, e fora realizado em várias fraternidades, tais como Convento Sagrado Coração de Jesus, Seminário São Fidelis, com os postulantes residindo durante algum tempo em comunidades como Jupiá e Jardim Glória. Agora, com uma casa específica, os postulantes do 2º e 3º anos foram direcionados para residirem na nova casa e os postulantes do 1º ano, na fraternidade Sagrado Coração de Jesus. Em 2005, a casa do Postulantado passou a abrigar os postulantes do 1º e 2º anos, e os do 3º ano, residiam no Seminário São Fidélis.

Este regime de três anos de Postulantado permaneceu até 2008, onde se fazia o CVR (Curso de Vida Religiosa) com ênfase em filosofia e franciscanismo. No início de 2009, o Postulantado foi reestruturado e adaptado para dois anos de duração e, o CVR sem o enfoque da filosofia, se manteve com disciplinas de Sagrada Escritura, Teologia da Vida Religiosa Consagrada, Franciscanismo, Línguas (Português e Espanhol) e Ciências Humanas (Psicologia). No decorrer dos quinze anos da casa dos postulantes, foram diretores de estudo do CVR: Frei Odair Verussa, Frei Augusto Girotto, Frei Denílson Spironello e Frei Nilton César Groppo.

Muitos frades passaram pela Casa do Postulantado, na condição de guardiães e formadores, cada qual deixando sua contribuição humana e fraterna na formação de vários que atualmente são frades professos. Os frades que residiram nessa fraternidade foram: como inauguradores da casa em 1996, Frei José Maria M. de Lima, como guardião e Frei João Rodrigues Dias, como formador e Definidor da Formação Inicial. Em 1999, Frei João Alves dos Santos (Dom Frei Joãozinho), na condição de guardião, formador e Definidor da Formação Inicial, juntamente com Frei Denílson Spironello, como diretor de estudos. Com a transferência de Frei Denílson, chega a esta fraternidade Frei Nilton César Groppo, em 2001 como auxiliar na formação.

Em 2002, Frei Nilton assume como guardião e formador, e Frei José Sales Ramos (Frei Juca), como vice formador. Em 2005, Frei Nilton, Definidor da Formação Inicial, continua como formador e guardião da casa, e Frei Tarcísio Paulino Leite, fica como auxiliar. No segundo semestre do decorrente ano, após a transferência de Frei Tarcísio, Frei Sermo Dorizotto assume como vice formador. Em 2007, Frei Sermo Dorizotto deixa a casa do postulantado e Frei Nilton César Groppo continua como guardião, formador e Definidor da Formação inicial até o final do ano de 2010.

No segundo semestre de 2010, a casa do postulando passa por reforma e pintura interna. Hoje, em 2011, a fraternidade do postulantado é constituída por Frei Ricardo Aparecido Rodrigues na condição de formador, Frei Sermo Dorizotto como guardião e por oito postulantes: Afrânio, Angelo, Bernado, Ivan, Jean, Rafael, Rogê e Valder. Atualmente o diretor de estudos é Frei Denílson Spironello.

Os postulantes participam das atividades provinciais como encontros de formação, encontros vocacionais, missões, retiros, inserções como presença capuchinha nas pastorais em meio ao povo, e outras atividades, possibilitando assim um contato maior com a vida dos frades, e um maior conhecimento dos que desejam abraçar a forma de vida e espiritualidade capuchinha.

Este período de formação é um tempo muito propício para os estudos, reflexão na caminhada vocacional, trabalhos e construção da vida de oração e fraternidade, onde temos a oportunidade de conhecer e adentrar cada vez mais, a espiritualidade capuchinha, como opção de vida.

Postulante Angelo Fernando da Silva

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Celebrar Finados, à luz da Páscoa de Jesus Cristo.


Estamos no Mês de novembro. Neste mês, de modo especial no dia de finados, relembramos nossos familiares, amigos que partiram de nosso convívio. Para uns esse ato de recordar é tranqüilo, sereno; para outros reabre às vezes feridas, renasce o pranto e prolonga a dor porque ainda não conseguiram aceitar a separação daquele ou daquela que partiu do convívio cotidiano. De um ou de outro modo o ato de recordar reacende a saudade, mas também a dor.

A visita que fazemos ao cemitério, as preces que elevamos a Deus, as velas que acendemos, as flores que oferecemos aos nossos entes queridos são uma expressão do nosso amor e carinho a eles. Mas não apenas isso. É também expressão de nossa confiança que aqueles e aquelas que não estão mais juntos de nós fisicamente, que não caminham conosco em nosso dia a dia, definitivamente, não morreram. Essa garantia é o próprio Jesus quem nos dá: “aquele que crê em mim, mesmo que morra viverá eternamente” (Jo 11,25). Para os que acreditam a vida não se restringe no aqui e agora que vivemos na história, porém a vida se revela em algo muito maior. A vida apreciada no amor é, na fé, convivência eterna em comunhão com Deus. Essa é a esperança cristã que nos conduz a um olhar confiante e alegre a essa comunhão de amor que há de vir.
Todavia, a vida eterna, a salvação, não é para ser buscada apenas depois da morte. Essa busca deve começar aqui e agora. Trata-se antes de tudo de acreditar no chamado que Deus faz a nós em Cristo. Por meio do seu filho Deus nos põe em comunhão com Ele. Mas essa é uma verdade de fé. Assim como somente pela fé em Cristo e sob a ação do Espírito podemos conhecer quem é Deus, do mesmo modo é também pela fé que podemos ter acesso a essa verdade, ou seja, à vida glorificada.

Mas cuidado para não entender errado o que estamos falando. Quando dizemos que é preciso crer trata-se de acolher aquele que é o Senhor da vida em nossa vida e aceitar que sua Palavra seja “lâmpada para os nossos pés” no dia a dia. Trata-se de deixar que ela – a Palavra - transforme nossa vida a tal ponto que possamos também hoje amar como o Cristo amou e ama, perdoar, solidarizar, profetizar, enfim, servir e fazer o bem como Ele o fez. Dessa maneira antecipamos desde já a convivência plena no amor de Deus.
O Cristo glorioso e ressuscitado não é outro senão aquele que chorou diante do túmulo de seu amigo Lázaro, que teve compaixão da multidão faminta, que caminhou em busca da ovelha perdida, que carregou a cruz até o calvário e lá foi crucificado e morto. Com isso queremos dizer que “seremos o que somos agora”. Será eternizado o que agora vivemos e fazemos. Na verdade a promessa e garantia da vida eterna supõe um modo de viver. É um viver segundo Cristo ou como diz Paulo, “não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Tudo o que expressamos é preciso ser visto em relação a outro ato de recordação e celebração que antecede o dia de finados: a Festa de todos os Santos. Louvamos e bendizemos a Deus por todos os santos. Mas quem são os santos? São nossos irmãos e irmãs na fé que numa determinada época viveram a fé em Cristo buscando fazer a vontade do Pai. É verdade que o número dos santos e santas não são somente aqueles e aquelas que a Igreja já colocou em sua lista ou Cânon. Vai muito além. Ser santo e santa é um chamado dirigido a todos os homens e mulheres que ontem, hoje e amanhã peregrinam por esta terra (1 Cor 1,2). Nesse sentido podemos dizer que todos os nossos irmãos, amigos, familiares que não estão mais conosco já experimentam a alegria de serem santos como nosso Deus é santo em sua ressurreição. Essa mesma alegria somos nós convidados a experimentá-la em nosso caminhar cotidiano rumo à pátria definitiva. Isso implica fazermos o que já expusemos: viver em Cristo abraçado às tarefas do Reino de Deus. Para sermos mais claros, viver a caridade com os irmãos e as irmãs, sobretudo, o pobre, o enfermo, o faminto, pois este rosto sofrido é o rosto mesmo de Cristo.


Que essa singela reflexão seja oportuna a você leitor (a) no sentido de não cultivar um desespero diante da morte mas aceitá-la com um olhar sereno. De certa forma a morte é nossa irmã. Sem a morte e a experiência da cruz não se experimentaríamos a vida glorificada. Ao mesmo tempo ajude a examinar quais ações são prioritários em sua vida e se elas estão relacionadas às escolhas d’Aquele que nos chama a viver na santidade e nos assegura uma Vida plena, eterna e feliz. De uma coisa estamos certos: aquele e aquela que faz a vontade de Deus não ficará sem recompensa, receberá o cêntuplo nesta vida e a vida eterna.

Frei Maurício dos Anjos é Frade Menor Capuchinho da Província de São Paulo e reside na Fraternidade Santa Clara, cidade de Taubaté.