quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Paróquia Nossa Senhora das Dores de Cândido Mota se prepara para a Beatificação de Irmã Dulce


O último final de semana dia 16 de janeiro foi marcado com homenagens e orações a Venerável Irmã Dulce que será beatificada no próximo dia 22 de maio em Salvador na Bahia. Nas Missas de sábado e domingo na Matriz foi destacada a intenção de Ação de Graças a Deus pela beatificação da religiosa e por sua vida de dedicação aos pobres. Um grande baner da freira baiana foi colocado em lugar de destaque no presbitério e, após as celebrações foram, distribuídos os "santinhos" com a oração de Irmã Dulce.


Já na Igreja de Santa Teresinha, também houve momentos de oração relembrando a vida de Irmã Dulce. No início da celebração foi proferido a leitura de uma resenha da vida de Irmã Dulce e também o significado da sua beatificação para nós brasileiros, na sequência o baner da religiosa foi recebido com solenidade e colocado ao lado da imagem de Santa Teresinha em lugar de destaque na celebração.

Em sua homilia o diácono Frei Décio Pacheco Bezerra, relembrou fatos que marcaram a vida de Irmã Dulce, como por exemplo, “no inicio de seu trabalho em favor dos pobres e sofredores, a religiosa carregava os seus doentes de um lugar para o outro sempre sendo despejada pela prefeitura, ora por um motivo ora por outro, até conseguir instala-los no galinheiro do seu convento. Do pequeno galinheiro, a religiosa franzina e pequenina fundou um dos maiores hospitais do Brasil, um orfanato e um asilo, isto tudo sem dinheiro publico, somente através de doações. Irmã Dulce fez a diferença neste mundo, tornou-se um conforto para os pobres e um exame de consciência para os ricos, portanto a sua beatificação é uma alegria para todos os brasileiros embora “o anjo bom da Bahiajá esteja santificada no coração de toda nossa nação”, finalizou Frei Décio.



Encerrando a celebração, toda a assembleia unida recitou a oração oficial de Irmã Dulce. “Estas celebrações visam preparar o nosso povo para este fato tão importante para nós brasileiros, onde Irmã Dulce receberá o titulo de beata, isto é, que ela viveu as virtudes cristãs de forma heróica e de hora em diante pode ser venerada pela Igreja como modelo a ser seguido, pois, analisando o seu trabalho caritativo, nenhum brasileiro fez tanto como ela e nem passou perto”, concluiu um dos organizadores da celebração.



Pastoral Vocacional de Cândido Mota - SP

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza



Artigo de Leonardo Boff transcrito do site do Centro de Estudos Bíblicos - CEBI - http://www.cebi.org.br/
O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais. Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.


Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d'água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.


No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.
























Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Meu Cristo Jovem

Fazia tempo que eu não vinha aqui, mas de ti eu nunca me esqueci. Ah meu Senhor!...
A verdade é que eu não ando bem, eu sei que você conhece as razões do meu coração, mas eu preciso lhe falar, preciso me calar e gritar ao mesmo tempo, pois tu és meu melhor amigo, mas sabe às vezes tenho medo de ser teu amigo, pois todos aqueles que te seguiram lavaram nosso chão com o sangue do martírio.


Nem sei como eu devo te chamar: tu, vós, você, eu não entendo muito dessas preposições, penso que você não se importaria comigo se eu te chamasse de “Véiu”, ou de “Mano”, pois é assim que eu chamo meus amigos, afinal teus amigos da Palestina te chamavam de Rabi, Messias ou de Filho de Deus que você o é de fato.

Quero lhe falar da minha família, mamãe continua nos amando e cuidando de nós, papai se esforça ao máximo para não deixar faltar o pão, meu irmão acabou de vencer mais uma etapa de seus estudos. Um dia, se eu conseguir construir uma família igual a minha de hoje, serei bastante feliz.

Família, Tarsila do Amaral
Por esses dias também, em nosso país, uma mulher tomou posse como nossa presidenta. Eu não sei em quem você votaria se estivesse aqui. O que eu sei é que quando esteve às margens da Galiléia, você tomou partido dos pobres, sem ódio, mas também sem medo, expulsou os exploradores de tua casa, e acabou pagando um preço caro por dizer a verdade. Morreu numa cruz, e com seu sangue reconciliou os opostos: o ódio humano e o amor de Deus. Sabe quando te olho naquela cruz, olhos azuis, loiro e de cabelos claros, logo penso que você não foi desse jeito, é mais uma representação européia que o Cristo Moreno das ruas empoeiradas de Nazaré.


Ah “Véiu”! Você foi coerente em tudo. Tenho lido Marx, Sartre, Platão, mas nada me toca tanto como o teu Evangelho. Como é desafiante vivê-lo num mundo de tantos desafios. Eu sonho sim, com um outro mundo, mais justo e humano. Sabe, essa semana eu até escrevi lá no meu Orkut aquelas palavras do livro de um de seus apóstolos: “Vi um novo céu e uma nova terra”.

Não tenho vergonha de lhe dizer que curto uma balada de final de semana, pois você também era convidado para as festas de Caná. Eu sou cristão no mundo, mas não sou do mundo. Estou muito longe de ser santo, mas fico pensando na tua juventude, fostes tão “fraco no poder, mas forte no amor”.

Sabe, a imagem que eu tenho de ti é diferente da imagem que têm meus pais, e mais diferente ainda da imagem de um Deus adulto que têm meus avôs. Eu ainda não consigo ficar horas rezando na frente do sacrário como fazem os místicos, mas eu acho que tenho fé. Para mim você é o Cristo jovem, que tem um coração grande, que possui originalidade em tudo que faz e mais ainda, possui uma fantasia criadora nunca vista. Ah! Como é bom te ver assim, eu imagino você de boné, quem sabe com seu skate na mão, ouvindo Metállica... Coisas de quem não tem aquela maturidade de gente grande, mas possui um coração de jovem cristão.


Eu ainda preciso lhe falar que não consigo entender o porquê na rua da minha casa existem várias Igrejas, católicas, evangélicas e outras, que estão sempre cantando hinos em teu nome, mas nunca se sentam juntas para darem as mãos, um tomar um “refri” lá na esquina, sabe se as Igrejas não conseguem a paz entre si como querem que o mundo tenha paz? Não entendo...

Eu amo a minha Igreja, mas esses dias me deu uma saudade de nossos profetas. Ah que falta faz a voz de Dom Helder,


o sorriso de Dom Luciano,


a sabedoria dos irmãos Lorscheider...

Onde estão os profetas de hoje? As pregações dos púlpitos de hoje, quase não me convencem mais. Tua Igreja se distancia dos pobres, e não quer ouvir nós jovens. Mas não troco a minha fé, e por falar nisso, vai começar a missa. Preciso ir para casa porque como você sabe tenho prova amanhã.

Vou pensando naquilo que disse um amigo estudioso da tua vida: “Tudo o que é autenticamente humano aparece em Jesus: ira e alegria, bondade e dureza, a amizade, a tristeza e a tentação”. Como é bom ter um Deus que se fez homem, um dia os jovens serão como Clara e Francisco, pobres e revolucionários, apaixonados por ti e pelo teu Reino. Eu ainda acredito nisso.

Hei “Véiu”, “humano como você foi na vida, morte e ressurreição só podia ser Deus mesmo”. Agora vou em paz e sei que você vai comigo e até domingo na missa das oito. Amém, ah valeu por me entender. Falô.

Leandro Roberto Longo – Postulante Capuchinho
Mogi Guaçu – Janeiro 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Celebrar o Misterio da Encarnação e um Ano Novo que surge.

"Caminheiro, você sabe, não existe caminho. Passo a passo, pouco a pouco, e o caminho se faz...



Mais uma vez celebramos o mistério da encarnação. Natal, tempo de reflexão. É festa do Menino Deus, que sendo rico se fez pobre para nos enriquecer pela pobreza. Filho de Deus que derruba os poderosos de seu trono e exalta os humildes.


A Espiritualidade da Manjedoura é, na verdade, um grande convite: Não perceber na vida um outro sentido senão fazer de tudo para corresponder tamanho amor. O mistério da encarnação de Jesus é o início de um caminho concreto, palpável, inserido na história humana, iniciado por Deus para entrar em comunhão de amor com o ser humano.

O despojamento do Cristo, tomando a condição de servo (Fl 2,7), quer nos ajudar a celebrar bem o natal. A herança do mistério que contemplamos no presépio pode ajudar a todos num mundo onde, influenciados por tantas idéias e realidades, os homens e mulheres nem sempre percebem a grandeza do amor de Deus expressa na encarnação do Verbo Eterno que, tomando nossa condição, faz-se pobre, necessitado da atenção e do carinho humano. Deus se assemelha a nós, torna-se impotente em tudo, exceto na capacidade de amar.

Na criança da manjedoura está à manifestação plena do Amor Divino pela humanidade e, ao mesmo tempo, a expressão do amor humano por Deus. Eis a Copiosa Redenção acontecendo desde o primeiro instante: o Sim de Deus se encontra com o Sim do homem.

Hoje vamos celebrar um ano novo que se aproxima e somos convidados a continuar caminhando, e ele não dever ser feito só pelos nossos próprios passos. Mas a beleza da caminhada depende dos que vão conosco. Então viva a vida! Mas não se esqueça que para se viver é preciso sentir. Então sinta a vida, em toda a sua plenitude através do pulsar do seu coração. Pois melhor presente que Deus nos deu foi às verdadeiras amizades, então quero agradecer a você pelo carinho e atenção durante todo esse ano de 2010.

Hoje vamos celebrar um ano novo, creio que e tempo de avaliar o que passou, para repetir os acertos e corrigir as falhas, para perdoar e esquecer as mágoas. É hora de recomeçar. Tantas coisas aconteceram e, no meio da pressa, parece que nunca temos tempo para realizar nossos sonhos e projetos. Mais um ano se passa. Foi tudo tão rápido.

Você olha para trás e vê sucessos e decepções, tristezas e alegrias, fantasias e realidades. O peso do ano velho ainda está em seus ombros, em sua vida, em seu coração. É tempo de parar. Decrete alguns dias de paz. Dê férias ao coração. Aceite meia hora de silêncio. Contemple uma flor. Deixe que sua voz interior grite. Nosso complexo de onipotência cria a ilusão de que podemos funcionar sempre, sem descanso. O resultado é trágico: estresse, o mal do século.

Desejo a você um Feliz ano novo e que em 2011, possamos estar juntos novamente, para mais um ano de muitas alegrias e muita paz!!! Feliz natal e Feliz 2011.

Um grande abraço.



Frei Mauricio José Silva dos Anjos – OFMCap.
Marília 31 de Dezembro de 2010.